Napoleão nasceu em
Córsega, filho de pais com ascendência da
nobreza italiana e foi treinado como oficial de artilharia na França continental. Em 2011, um exame de
DNA de costeletas de Napoleão que eram guardadas em relicário confirmou a origem
caucasiana de Napoleão desmentindo uma possível ascendência árabe do imperador.
1
Bonaparte ganhou destaque no âmbito da
Primeira República Francesa e liderou com sucesso campanhas contra a
Primeira Coligação e a
Segunda Coligação. Em 1799, liderou um
golpe de Estado e instalou-se como
primeiro cônsul. Cinco anos depois, o senado francês o proclamou
imperador. Na primeira década do século XIX, o império francês sob comando de Napoleão se envolveu em uma série de conflitos com todas as grandes potências europeias, as
Guerras Napoleônicas. Após uma sequência de vitórias, a França garantiu uma posição dominante na Europa continental, e Napoleão manteve a esfera de influência da França, através da formação de amplas alianças e a nomeação de amigos e familiares para governar os outros países europeus como dependentes da França. As campanhas de Napoleão são até hoje estudadas nas academias militares de quase todo o mundo.
A
Campanha da Rússia em 1812 marcou uma virada na sorte de Napoleão. Seu
Grande Armée foi seriamente danificado na campanha e nunca se recuperou totalmente. Em 1813, a
Sexta Coligação derrotou suas forças em
Leipzig. No ano seguinte, a coligação invadiu a França, forçou Napoleão a abdicar e o exilou na
ilha de Elba. Menos de um ano depois, ele fugiu de Elba e retornou ao poder, mas foi derrotado na
Batalha de Waterloo, em junho de 1815. Napoleão passou os últimos seis anos de sua vida confinado pelos britânicos na
ilha de Santa Helena. Uma autópsia concluiu que ele morreu de câncer no estômago, embora haja suspeitas de envenenamento por
arsênio.
Origens e educação
Carlo Maria Bonaparte, pai de Napoleão, foi nomeado representante da Córsega na corte de
Luís XVI de França em 1777.
4 A influência dominante na educação de Napoleão foi sua mãe, que criou com pulso firme o indisciplinado filho.
5 Teve os irmãos
José,
Lucien,
Elisa,
Louis,
Pauline,
Carolina e
Jerônimo. Havia também outras duas crianças, um menino e uma menina, que nasceram antes de José, mas morreram ainda na infância.
6 Napoleão foi batizado pouco antes de seu segundo aniversário, em 21 de julho de 1771, na
Catedral de Ajaccio.
7
Seu passado de relativa nobreza e suas conexões familiares permitiram que ele tivesse boas oportunidades de educação, acima da média da época para a região.
8 Em janeiro de 1779, Napoleão estava matriculado em uma escola religiosa em
Autun, para aprender francês, e em maio entrou na academia militar em
Brienne-le-Château.
9 Falava com um sotaque
córsego e nunca aprendeu a soletrar corretamente.
10 Foi provocado por outros estudantes por causa de seu sotaque e começou a se dedicar à prática da leitura.
11 Ele era notavelmente dedicado em
matemática, e também muito familiarizado a história e geografia.
12
Ao completar seus estudos em Brienne, em 1784, Napoleão entrou para a
Escola Militar de Paris, e ainda que sempre tenha se interessado, a princípio, em uma formação naval, acabou estudando para se tornar oficial de artilharia, e quando a morte de seu pai reduziu sua renda, foi forçado a terminar o curso de dois anos em apenas um.
13 14
Início da carreira
Ao se formar, em setembro de 1785, Bonaparte se tornou
segundo tenente do regimento de artilharia de
La Fère,
15 e serviu em
Valence e
Auxonne, até a eclosão da
Revolução Francesa em 1789. Napoleão passou os primeiros anos da revolução em Córsega, atuando em uma complexa luta entre realistas, revolucionários e nacionalistas córsegos. Apoiou os
jacobinos revolucionários, foi promovido a
tenente-coronel e comandou um batalhão de voluntários. Então, em julho de 1792 conseguiu convencer as autoridades de Paris a promovê-lo a
capitão.
16 Voltou para a Córsega e entrou em conflito com o líder local
Pasquale Paoli, que sabotou uma investida francesa na ilha italiana de
La Maddalena, onde Bonaparte era um dos líderes da expedição,
17 e por causa disso Bonaparte e sua família tiveram de fugir para a França continental em junho de 1793.
9
Cerco de Toulon
Em julho de 1792, Napoleão publicou um panfleto pró-republicano,
Le Souper de Beaucaire, o que fez com que ele ganhasse a admiração e o apoio de
Augustin Robespierre, irmão mais novo do líder revolucionário
Maximilien Robespierre. Com a ajuda do companheiro corso
Antoine Christophe Saliceti, Bonaparte foi nomeado comandante da artilharia das forças republicanas no cerco de
Toulon. A cidade havia se sublevado contra o
governo republicano e foi ocupada por tropas britânicas.
18 Ele usou um plano para capturar um monte que permitiria que dominassem o porto da cidade e forçassem os navios ingleses a evacuar. A ofensiva, durante a qual Napoleão foi ferido na coxa, levou à captura da cidade e à promoção dele a
general de brigada. Suas ações chamaram a atenção do
Comitê de Salvação Pública, e ele foi encarregado da artilharia do exército francês na Itália.
19 Enquanto esperava pela confirmação do cargo, Napoleão passou um tempo como inspetor de fortificações costeiras na costa do Mediterrâneo, perto de
Marselha. Arquitetou planos para atacar o
Piemontecomo parte da campanha contra a Primeira Coligação e então foi mandado em missão, por Augustin, à
República de Gênova, para entender as intenções do país em relação à França.
20
13 Vendémiaire
Após a queda dos irmãos Robespierre no
9 Termidor, em julho de 1794, Bonaparte foi colocado sob prisão domiciliar em
Nice por sua associação com eles.
21Foi libertado após duas semanas e devido a sua habilidade técnica foi convidado a elaborar planos para atacar as posições italianas na guerra da França com a
Áustria. Ele também participou de uma expedição para retomar a Córsega dos britânicos, mas os franceses foram expulsos pela marinha britânica.
22
Bonaparte ficou noivo de
Désirée Clary, irmã de
Júlia Clary, esposa de José, o irmão mais velho de Napoleão; os Clarys eram uma família de comerciantes ricos de Marselha.
23 Em abril de 1795, ele foi designado para o exército do Oeste, que estava envolvido na
Guerra da Vendeia. Para ocupar o comando de artilharia, ele seria rebaixado do cargo de general de artilharia - cargo em que o contingente estava lotado - e declarou saúde precária para evitar o destacamento.
24 Ele foi movido para o Departamento de Topografia do Comitê de Salvação Pública e tentou, sem sucesso, ser transferido para
Constantinopla, a fim de oferecer seus serviços ao
Sultão.
25 Durante este período, ele escreveu uma novela romântica,
Clisson et Eugénie, sobre um soldado e sua amante, em um claro paralelo à própria relação de Bonaparte com Désirée.
26 Em 15 de setembro, Bonaparte foi removido da lista de generais em serviço regular por sua recusa em servir na campanha de
Vendeia. Ele enfrentou então uma difícil situação financeira e a redução nas perspectivas de carreira.
27
A derrota da insurreição pró-monarquia extinguiu a ameaça à convenção e deu a Bonaparte fama repentina, riqueza, e o apoio do novo diretório. Murat se tornaria seu cunhado e um de seus generais, e Napoleão logo foi promovido a comandante do exército do interior e recebeu o comando das forças francesas na Itália (o chamado
Armée d'Italie).
9 Em março de 1796, após romper com Désirée Clary, Bonaparte se casou com
Joséphine de Beauharnais, ex-amante de Barras.
29
Primeira campanha na Itália
Dois dias depois do casamento, Bonaparte deixou Paris para assumir o comando do exército francês na
península Itálica e o liderou em uma invasão bem-sucedida. Na
Batalha de Lodi, derrotou as forças
austríacas e os expulsou de
Lombardia.
9 Foi derrotado em
Caldiero por forças de reforço austríacas, lideradas por
Joseph Alvinczy, e recuperou a iniciativa na crucial
Batalha da ponte de Arcole e pôde subjugar os
Estados Pontifícios.
30 Bonaparte se posicionou contra a vontade dos ateus do diretório de marchar para Roma e destronar o papa, argumentando que isso iria criar um
vazio de poder, que seria explorado pelo
Reino de Nápoles. Em vez disso, em março de 1797, Bonaparte levou seu exército para a Áustria, forçando o país a negociar a paz.
31 O
Tratado de Leoben deu à França o controle da maior parte do norte da Itália e os
Países Baixos, e uma cláusula secreta prometeu a
República de Veneza para a Áustria. Bonaparte marchou para Veneza e forçou a sua rendição, pondo fim em 1100 anos de independência; ele também autorizou os franceses a saquearem tesouros como os
Cavalos de São Marcos.
32
Sua aplicação de ideias convencionais militares para situações do mundo real possibilitaram seus triunfos militares, assim como o uso criativo da artilharia como uma força móvel para apoiar a sua infantaria. Ele se refere à sua tática assim: "Eu lutei sessenta batalhas e não aprendi nada que não sabia no começo. Olhe para
Júlio César; ele lutou a primeira como a última."
33 Nesta campanha italiana, o exército de Napoleão capturou 150.000 prisioneiros, 540 canhões e 170 bandeiras.
34 O exército francês lutou em 67 ações e venceu 18 batalhas através da tecnologia superior de artilharia e táticas de Bonaparte.
35
Durante a campanha, Bonaparte tornou-se cada vez mais influente na política francesa; ele fundou dois jornais, ambos para as tropas do seu exército e também para circulação na França.
36 Os realistas atacaram Bonaparte por saques na península Itálica e alertaram que ele poderia se tornar um ditador.
37 Bonaparte enviou o general
Pierre Augereau para Paris para liderar um golpe de Estado em 4 de setembro, o chamado
Coup d'État du 18 fructidor. Isto levou Barras e seus aliados republicanos novamente ao poder, mas dependentes de Bonaparte, que dava continuidade às negociações de paz com a Áustria. Estas negociações resultaram no
Tratado de Campoformio, e Napoleão retornou a Paris em dezembro como um herói.
38 Ele se encontrou com
Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, novo ministro do exterior francês (que mais tarde serviria no mesmo cargo ao imperador Napoleão) e começaram a preparar uma invasão da Inglaterra.
9
Campanha do Egito
Após dois meses de planejamento, Bonaparte decidiu que o poder naval da França não era ainda suficientemente forte para enfrentar a
Marinha Real Britânica no
canal da Mancha e propôs uma expedição militar para tomar o Egito e, assim, prejudicar o acesso da Inglaterra a seus interesses comerciais na
Índia.
9 Bonaparte desejava estabelecer presença francesa no
Oriente Médio, com a intenção de se ligar ao
Sultão Tipu, inimigo da Inglaterra na Índia. Napoleão garantiu ao
diretório que "logo que conquistasse o Egito, iria estabelecer relações com os príncipes indianos e, juntamente com eles, atacar os ingleses em suas posses."
39 Um relatório de
Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord de fevereiro de 1798 dizia: "Tendo ocupado e fortificado o Egito, vamos enviar uma força de 15.000 homens de
Suez para a Índia, para se juntar às forças de Tipu Sahib e afastar os ingleses."
39 O diretório concordou, a fim de garantir uma rota de comércio segura para a Índia.
40
Era napoleônica
A sociedade francesa estava passando por um momento tenso com os
processos revolucionários ocorridos no país, de um lado com a burguesia insatisfeita com os
jacobinos, formados por revolucionários radicais, e do outro lado as tradicionais monarquias européias, que temiam que os ideais revolucionários franceses se difundissem por seus reinos.
O fim do processo revolucionário na França, com o
Golpe 18 Brumário, marcou o início de um novo período na história francesa e, consequentemente, da
Europa: a Era Napoleônica.
Pode-se dividir seu governo em três partes:
O governo do
diretório foi derrubado na França sob o comando de Napoleão Bonaparte, que, junto com os
girondinos (alta burguesia), instituiu o
consulado, primeira fase do governo de Napoleão. Este golpe ficou conhecido como
Golpe 18 de Brumário (data que corresponde ao calendário estabelecido pela
Revolução Francesa e equivale a
9 de novembro do calendário gregoriano) em
1799. Muitos historiadores alegam que Napoleão fez questão de evitar que camadas inferiores da população subissem ao poder.
41
Consulado
Instalou-se o governo do consulado de Napoleão após a queda do
diretório. O consulado possuía características republicanas, além de ser centralizado e dominado por militares. No poder executivo, três pessoas eram responsáveis: os cônsules
Roger Ducos,
Emmanuel Sieyès e o próprio Napoleão. Apesar da presença de outros dois cônsules, quem mais tinha influência e poder no executivo era Napoleão, que foi eleito
primeiro-cônsul da república.
Criavam-se instituições novas, com cunho democrático, para disfarçar o seu centralismo no poder. As instituições criadas foram o senado, o tribunal, o corpo legislativo e o conselho de Estado. Mas o responsável pelo comando do exército, pela política externa, pela autoria das leis e quem nomeava os membros da administração era o primeiro-cônsul.
Quem estava no centro do poder na época do consulado era a burguesia (os industriais, os financistas, comerciantes), e consolidaram-se como o grupo dirigente na França. Abandonaram-se os ideais "liberdade, igualdade, fraternidade" da época da Revolução Francesa, e mediante forte
censura à imprensa e ação violenta dos órgãos policiais, desmanchou-se a oposição ao governo.
Projeção da figura de Napoleão
Napoleão Bonaparte teve sua figura projetada na história francesa, quando recebeu o poder através do
consulado, juntamente com os dois cônsules citados acima.
Reforma dos setores do governo francês
Durante o período do consulado, ocorreu uma recuperação econômica, jurídica e administrativa na França:
- Economia - criou-se o Banco da França, em 1800, regulando-se a emissão de moedas, reduzindo-se a inflação. As tarifas impostas eram protecionistas (ou seja, com aumento de impostos para a importação de produtos estrangeiros); o resultado geral foi uma França com comércio e indústria fortalecidos, principalmente com os estímulos à produção e ao consumo interno.
- Religião - com o objetivo de usar a religião como instrumento de poder político, Napoleão assinou um acordo, a Concordata de 1801, entre a Igreja Católicae o Estado. O acordo, sob aprovação do Papa Pio VII, dava direito ao governo francês de confiscar as propriedades da Igreja e, em troca, o governo teria de amparar o clero. Napoleão reconhecia o catolicismo como religião da maioria dos franceses, mas se arrogava o direito de escolher bispos, que mais tarde seriam aprovados pelo papa.
- Direito - estabeleceu-se o Código Napoleônico, um Código Civil, em 1804, representando em grande parte os interesses dos burgueses, como casamento civil (separado do religioso), respeito à propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos ante a lei. Está em vigor até hoje, embora com consideráveis alterações legislativas posteriores.
- Educação - reorganizou-se o ensino e a prioridade foi a formação do cidadão francês. Reconheceu-se a educação pública como meio importante de formação das pessoas, principalmente nos aspectos do comportamento moral, político e social.
- Administração - Indicavam-se pessoas da confiança de Napoleão para cargos administrativos.
Após uma década de conflitos gerais no país, com a
Revolução Francesa, as medidas aplicadas deram para o povo francês a esperança de uma estabilização do governo. Os resultados obtidos neste período do governo de Napoleão agradaram à classe dominante francesa. Com o apoio desta, elevou-se Napoleão ao nível de cônsul vitalício em
1802, podendo indicar seu sucessor. Esta realização implicou na instituição de um regime
monárquico.
Venda do território da Louisiana para os Estados Unidos
Em
1803, durante o governo de Napoleão, a França vendeu seus territórios na América para os recém-fundados
Estados Unidos. Isso permitiu a expansão das fronteiras dos Estados Unidos para o oeste.
A maior parte do dinheiro obtido na venda foi direcionada ao fortalecimento do exército francês para sua expansão territorial no continente europeu.
Império
A opinião pública foi mobilizada pelos apoiadores de Napoleão, que levou à aprovação para a implantação definitiva do governo do Império. Em
plebiscito realizado em
1804, aprovou-se a nova fase da era napoleônica com quase 60% dos votos, reinstituiu-se o regime monárquico na França e indicou-se Napoleão para ocupar o trono.
Realizou-se uma festa em
2 de dezembro de
1804 para se formalizar a coroação do agora Napoleão I na
catedral de Notre-Dame. Um dos momentos mais notórios da História ocorreu nesta noite, onde, com um ato surpreendente, Napoleão I retirou a coroa das mãos do
Papa Pio VII, que viajara especialmente para a cerimônia, e ele mesmo se coroou, numa postura para deixar claro que não toleraria autoridade alguma superior à dele. Logo após também coroou sua esposa, a
imperatriz Josefina.
Concederam-se títulos nobiliárquicos aos familiares de Napoleão, por ele mesmo. Além disso, colocou-os em altos cargos públicos. Formou-se uma nova corte com membros da elite militar, da alta burguesia e da antiga nobreza. Para celebrar os triunfos de seu governo, Napoleão I construiu monumentos grandiosos, como o
Arco do Triunfo que, como outras grandes obras da época, por sua grandiosidade e por criar empregos, melhorava a imagem de Napoleão ante o povo.
O
Império Francês atingiu sua extensão máxima neste período, em torno de
1812, com quase toda a Europa Ocidental e grande parte da Oriental ocupadas, possuindo 150 departamentos, com 50 milhões de habitantes, quase um terço da população européia da época.
Expansão territorial militar
Neste período, Napoleão realizou uma série de batalhas para a conquista de novos territórios para a
França. O exército francês (chamado agora de
Grande Armée, ou "Grande Exército") aumentou o número de armas e de combatentes, e tornou-se o mais poderoso de toda a Europa.
Pensando que a expansão e crescimento econômico-militar da França era uma ameaça à
Inglaterra, os
diplomatasingleses formaram coligações internacionais para se opor ao novo governo francês e a seu expansionismo. Também acreditavam que o governo francês poderia influir em países que estavam sob doutrina
absolutista e assim causar uma rebelião. A primeira coligação formada para deter os franceses era formada pela Inglaterra,
Áustria,
Rússia e
Prússia.
Em outubro de
1805, os franceses usaram a marinha para atacar a Inglaterra, mas não obtiveram êxito, derrotados pela marinha inglesa, comandada pelo almirante
Nelson, batalha que ficou conhecida como
Batalha de Trafalgar, firmando-se o poderio naval britânico.
Bloqueio Continental
Na busca de outras maneiras para derrotar ou debilitar os ingleses, o
Império Francês decretou o Bloqueio Continental em
1806, em que Napoleão determinava que todos os países europeus deveriam fechar os portos para o comércio com a Inglaterra, debilitando as exportações do país e causando uma crise industrial.
Um problema que afetou muitos países participantes do bloqueio era que a Inglaterra, que já passara pela
Revolução Industrial, estava com uma consolidada produção de produtos industriais, e muitos países europeus ainda não tinham produção industrial própria, e dependiam da Inglaterra para importar este tipo de produto, em troca de produtos agrícolas.
A França procurou beneficiar-se do bloqueio com o aumento da venda dos produtos produzidos pelos franceses, ampliando as exportações dentro da Europa e no mundo. A fraca quantidade de produtos manufaturados deixou alguns países sem recursos industriais.
O único obstáculo à concretização de seu império na Europa era a Inglaterra, que, favorecida por sua posição insular (isolada), por seu poder econômico e por sua superioridade naval, não conseguiria conquistar. Para tentar dominá-la, Napoleão usou a estratégia do Bloqueio Continental, ou seja, decretou o fechamento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês. Pretendia, dessa forma, enfraquecer a economia inglesa, que precisava de mercado consumidor para os seus produtos manufaturados e, assim, impor a superioridade francesa em toda a Europa. O decreto, datado de
21 de novembro de
1806, dependia, para sua real vigor, de que todos os países da Europa aderissem à idéia. O
Acordo de Tilsit, firmado com o czar
Alexandre I da Rússia, em julho de
1807, garantiu a Napoleão o fechamento do extremo leste da Europa.
O governo de Portugal relutava em concordar ao Bloqueio Continental devido à sua aliança com a Inglaterra, da qual era extremamente dependente. O príncipe D. João, que assumira a regência em 1792, devido ao enlouquecimento de sua mãe, a rainha D. Maria I, estava indeciso quanto à alternativa menos arriscada para a monarquia portuguesa.
Fuga da família real portuguesa para o Brasil
Portugal tinha então a Inglaterra como principal parceira para seus negócios. Pressionados por Napoleão, os portugueses não tiveram escolha: como não podiam abdicar os negócios com a Inglaterra, não participaram do Bloqueio Continental.
Insatisfeito com a decisão portuguesa, o exército francês começou a dirigir-se a Portugal. Napoleão forçara uma aliança, sob a forma do
Tratado de Fontainebleau com a casa real espanhola (onde veio a forçar a abdicação do trono de Carlos IV para o seu irmão, José Bonaparte) para a Invasão de Portugal, apesar de se saber que havia já planos anteriormente delineados para conquistar tanto Portugal, como Espanha. A ideia era a de dividir Portugal em três reinos distintos:
- Lusitânia Setentrional, a ser governado pela filha de Carlos IV, Maria Luísa;
- Algarves, a ser governado por Manuel de Godoy com o título de rei;
- O resto do país, a ser administrado diretamente pela França Imperial até ao fim da guerra.
Nesse sentido, realizaram-se três expedições militares a Portugal, conhecidas em Portugal pelo nome de Invasões Francesas.
Numa jogada de antecipação estratégica, pensada e planeada para evitar que a família real portuguesa fosse aprisionada e obrigada a abdicar, como virá a acontecer com
Fernando VII e
Carlos IV de Espanha, e sabendo-se que o
Brasil era considerado, na época, a pérola da coroa portuguesa, toda a corte portuguesa, incluindo o príncipe-regente
D. João VI, saiu para o
Brasil, instalando o governo português no
Rio de Janeiro em
1808, tornando-a capital do que vem a ser um sonhado
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1816-1826), que o rei acalentou e para o qual institui um nova
bandeira com a
esfera armilar.
A saída foi precipitada, com as tropas francesas já em solo português, mas conseguiu-se que cerca de 15 mil pessoas saíssem para o Brasil, transferindo praticamente todo o quadro do aparelho estatal. Além de pessoas do governo, saíram muitos nobres, comerciantes ricos, juízes de tribunais superiores, entre outros.
Os sectores afrancesados em Portugal chamaram a esta retirada estratégica "
a fuga para o Brasil", frustrados pelas tropas de Napoleão não terem conseguido aprisionar e depôr a família real portuguesa. Com a corte e a capital de Portugal no Brasil, passaram a considerar-se sem rei nem lei, pedindo de imediato ao General
Junot que Napoleão lhes desse um novo rei e uma nova constituição. Este episódio da saída da família real portuguesa para o Brasil, assim como a dificuldade encontrada por Napoleão em, por um lado, invadir Portugal e por outro, dominar Espanha, pode ser visto como uma das maiores falhas estratégicas de Napoleão que, aliás, referiu-se a ele, nas
Memoires de Ste. Hélène como:
c'est ça qui m'a perdu (tradução: foi isso que me fez perder).
A saída da família real para o Brasil marcou também o início do processo de
Independência do Brasil. Na sequência da
Revolução de 1820 em Portugal, a corte voltou a Portugal, restabelecendo-se em
Lisboa a capital, voltando o Rio de Janeiro a ser de novo uma cidade colonial.
Derrota francesa na Rússia
Em
1812, a
aliança franco-russa é quebrada pelo
tzar Alexandre I da Rússia, que rompe o bloqueio contra os ingleses. Napoleão empreende então a
campanha contra a Rússia, à frente de mais de 600.000 soldados
42oriundos dos mais diferentes recantos da Europa
43 . Sem saída, a Rússia usa uma tática de guerra chamada
terra queimada, que consistia em destruir cidades inteiras para criar um campo de batalha favorável aos defensores. Aliada com o inverno rigoroso, a Rússia consegue vencer o exército napoleônico que sai com apenas 120.000 homens (o restante ou morreu ou se dispersou pelo continente). Enquanto isso, na França, o general
Malet, apoiado por setores descontentes da burguesia e da antiga nobreza francesa, arma uma conspiração para dar um golpe de Estado contra o imperador. Napoleão retorna imediatamente a Paris e domina a situação.
Invasão dos aliados e derrota de Napoleão
Tem início então a luta da coligação europeia contra a França na
Batalha das Nações (
Confederação do Reno) que acabou com a derrota de Napoleão. Com a capitulação de Paris, o imperador é obrigado a abdicar.
Governo dos Cem Dias
Exílio em Elba
O
Tratado de Fontainebleau, de
1814, exila Napoleão na
Ilha de Elba, mas lhe dá o direito a uma pensão de 2000 francos e o de poder levar uma escolta com 400 militares; além disso, o seu título de imperador é mantido. Quando chega na ilha, em 4 de maio de 1814, ele acaba por passar dificuldades lá, pois a sua pensão não é paga.
44 Separado da esposa e do filho e sabendo de rumores de que ele iria ser banido para uma ilha remota no meio do
oceano Atlântico, Napoleão escapa de Elba em
26 de fevereiro de
1815. Ele aportou em [Golfe-Juan], na França, dois dias depois. O 5º Regimento foi enviado para interceptá-lo. Napoleão encarou toda a tropa sozinho, desmontou de seu cavalo e, quando encontrou-se sob a linha de fogo, gritou, "Aqui estou eu! Matem seu imperador, se assim o quiserem!" Os soldados responderam com "
Vive L'Empereur! (Viva o Imperador!)" e marcharam com Napoleão até Paris, de onde
Luís XVIII fugiu. Assim, Napoleão reconquista o poder.
A volta ao poder
Inicia-se então o "Governo dos Cem Dias". Napoleão então tenta fazer uma constituição baseada no liberalismo, contrariando as expectativas dos republicanos, que queriam a volta da revolução e a perseguição aos nobres.
44 A Europa coligada retoma sua luta contra o
Exército francês. Napoleão entra na
Bélgica em junho de
1815, mas é derrotado por uma coligação anglo-prussiana na
Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao império napoleônico. Mas a expansão dos ideais iluministas continuou.
Exílio em Santa Helena
Napoleão foi preso e então exilado pelos britânicos na ilha de
Santa Helena, na costa da
África, em
15 de outubro de
1815. Lá, com um pequeno legado de seguidores, contava suas memórias e criticava aqueles que o capturaram.
Morte
Até hoje, não há certeza da causa da morte de Napoleão. Na década de 1960, pesquisadores investigaram sua casa na ilha de
Santa Helena e encontraram restos de
arsênio (veneno letal) em suas roupas, cabelo, nos móveis, pratos e talheres. Então, concluiu-se que ele fora envenenado aos poucos, até sua morte.
[carece de fontes]
Porém, hoje em dia, já se sabe que Napoleão tinha câncer no estômago e, provavelmente, foi tratado com um remédio da época que, possuía, em sua constituição, arsênio e solventes. Como tomou esse remédio por um período grande e constantemente, acredita-se que o arsênio acumulou-se em seu organismo. Ele está sepultado no
Hôtel des Invalides em
Paris.
Suspeitas depois da morte
Em
1955, surgiram documentos em que Napoleão era descrito meses antes de sua morte, pensando muitos que Napoleão fora morto por envenenamento com
arsênio. O arsênio era usado antigamente como um veneno indetectável se aplicado a longo prazo.
Em
2001, um estudo de Pascal Kintz, do Instituto Forense de
Estrasburgo, na França, adicionou crença a esta possibilidade com um estudo de um pedaço de cabelo preservado de Napoleão após sua morte: os níveis de arsênio encontrados em seu pedaço de cabelo eram de 7 a 38 vezes maiores do que o normal.
Cortar pedaços do cabelo em pequenos segmentos e analisar cada segmento oferece um histograma da concentração de arsênio no corpo. A análise do cabelo de Napoleão sugere que doses altas mas não-letais foram absorvidas em intervalos aleatórios. O arsênio enfraqueceu Napoleão e permaneceu em seu sistema. Lá, poderia ter reagido com
mercúrio e outros elementos comuns em remédios da época, sendo a causa imediata de sua morte.
Outros estudos também revelaram altas quantidades de arsênio presentes em outras amostras de cabelo de Napoleão tiradas em
1805,
1814 e
1821. Ivan Ricordel (chefe de toxicologia da Polícia de Paris), declarou que se arsênio tivesse sido a causa da morte, ele teria morrido anos antes. Arsênio também era usado na época em papel de parede, como um pigmento verde, e até mesmo em alguns remédios, e os pesquisadores sugeriram que a fonte mais provável de todo este arsênio seja um tônico para cabelo. Antes da descoberta dos
antibióticos, o arsênio fazia parte de um composto químico usado sem muito efeito no tratamento da
sífilis, levando à especulação de que Napoleão poderia estar sofrendo de sífilis, uma doença venérea muito comum naquela época.
Casamentos e descendência
Napoleão casou-se duas vezes: