22/06/2012
19h16 - Atualizado em 22/06/2012 20h36
Rio+20 aprova texto sem
definir objetivos de sustentabilidade
Conferência adotou documento que prevê definição
futura de metas.
Texto cita erradicação da pobreza como maior desafio do mundo atual.
Texto cita erradicação da pobreza como maior desafio do mundo atual.
Dennis
Barbosa e Eduardo Carvalho Do G1, no Rio
Os 188
países participantes da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável
adotaram oficialmente o documento intitulado "O futuro que queremos",
nesta sexta-feira (22).
O
propósito da Rio+20 era formular um plano para que a humanidade se
desenvolvesse de modo a garantir vida digna a todas as pessoas, administrando
os recursos naturais para que as gerações futuras não fossem prejudicadas.
Uma das
expectativas era de que a reunião conseguisse determinar metas de
desenvolvimento sustentável em diferentes áreas, mas isso não foi atingido. O
documento apenas cita que eles devem ser criados para adoção a partir de 2015.
O texto
final da Rio+20, intitulado "O futuro que queremos", foi publicado no
site oficial da conferência (leia o documento, traduzido para os idiomas
oficiais da ONU: inglês, espanhol, árabe, russo, francês e chinês).A presidente Dilma Rousseff,
durante o
encerramento da Rio+20 (Foto: Reprodução)
encerramento da Rio+20 (Foto: Reprodução)
Na
plenária de encerramento, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que
"o documento final que foi adotado por consenso fornece formação firme para
um bem-estar social, econômico e ambiental. Agora é nossa responsabilidade
desenvolver isso". "Não podemos mais hipotecar o nosso futuro para as
necessidades de curto prazo", alertou.
Trecho
criticado por ONGs é mantido
Em relação ao rascunho aprovado pelos diplomatas no início da semana, o documento aprovado em definitivo pelos líderes, nesta sexta-feira (22), teve apenas mudanças de formatação, não de conteúdo. Foi mantido, inclusive, o trecho "com total participação da sociedade civil", que ONGs haviam pedido para ser retirado porque consideram que foram excluídas do processo de construção do documento.
Em relação ao rascunho aprovado pelos diplomatas no início da semana, o documento aprovado em definitivo pelos líderes, nesta sexta-feira (22), teve apenas mudanças de formatação, não de conteúdo. Foi mantido, inclusive, o trecho "com total participação da sociedade civil", que ONGs haviam pedido para ser retirado porque consideram que foram excluídas do processo de construção do documento.
O
documento prevê, entre outras medidas, a criação de um fórum político de alto
nível para o desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas, além de
reafirmar um dos Princípios do Rio, criado em 1992, sobre as “responsabilidades
comuns, porém diferenciadas”.
Este
princípio significa que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento
sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos.
Outra
medida aprovada é o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente (Pnuma) e o estabelecimento de um mecanismo jurídico dentro da
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos, na sigla em inglês)
que estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos.
Pobreza
O texto estabelece a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta e recomenda que “o Sistema da ONU, em cooperação com doadores relevantes e organizações internacionais”, facilite a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.
O texto estabelece a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta e recomenda que “o Sistema da ONU, em cooperação com doadores relevantes e organizações internacionais”, facilite a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.
Esse
sistema atuaria para facilitar o encontro entre países interessados e
potenciais parceiros, ceder ferramentas para a aplicação de políticas de
desenvolvimento sustentável, fornecer bons exemplos de políticas nessas áreas e
informar sobre metodologias para avaliar essas políticas.
Por
atender restrições de países com visões muito diferentes, o texto da Rio+20 tem
sido criticado por avançar pouco: não especifica quais são os objetivos de
desenvolvimento sustentável que o mundo deve perseguir, nem quanto deve
ser investido para alcançá-los, e muito menos quem coloca a mão no bolso para
financiar ações de sustentabilidade. O que o documento propõe são planos para
que esses objetivos sejam definidos num futuro próximo (veja abaixo um quadro
com o que foi negociado).
Críticas
O texto da Rio+20 recebeu críticas das próprias delegações que participaram da conferência e de organizações não-governamentais. Os negociadores da União Europeia classificaram a redação de “pouco ambiciosa” e disseram que faltam “ações concretas” de implementação das ações voltadas ao desenvolvimento sustentável.
O texto da Rio+20 recebeu críticas das próprias delegações que participaram da conferência e de organizações não-governamentais. Os negociadores da União Europeia classificaram a redação de “pouco ambiciosa” e disseram que faltam “ações concretas” de implementação das ações voltadas ao desenvolvimento sustentável.
Por sua
vez, antes mesmo da ratificação pelos chefes de Estado, integrantes da
sociedade civil assinaram uma carta endereçada aos governantes intitulada “A
Rio+20 que não queremos”, na qual classificam o texto da conferência de
“fraco”.
“O
documento intitulado 'O futuro que queremos' é fraco e está muito aquém do
espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92.
Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas abordados, pois
simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não
assegura resultados concretos”, afirma o documento, assinado por mais de mil
ambientalistas e representantes de organizações não-governamentais.
A carta
diz ainda que a Rio+20 passará para a história como uma conferência das Nações
Unidas que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por “graves omissões
que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do
planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos
adquiridos.”
O
documento termina dizendo que a sociedade civil não ratifica o texto da Rio+20.
“Por tudo isso, registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado,
pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores, e
esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento”,
conclui a carta.
O que vinha sendo negociado
|
Como ficou o texto final
|
CBDR – sigla em inglês para
Responsabilidades Comuns Mas Diferenciadas, princípio que norteia as
negociações de desenvolvimento sustentável. O princípio oficializa que se
espera dos países ricos maior empenho financeiro para implementação de ações,
pelo fato de virem degradando o ambiente há mais tempo e de forma mais
intensa.
|
Havia
rumores de que os países ricos queriam tirar esse princípio do texto, mas ele
permaneceu.
|
Fortalecimento
do Pnuma –
cogitava-se transformar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em
uma instituição com status de agência da ONU, como é a FAO (de Alimentação).
|
O texto
prevê fortalecimento do Pnuma, mas não especifica exatamente como. O assunto
deve ser resolvido na Assembleia Geral da ONU em setembro.
|
Oceanos
– Era
uma das áreas em que se esperava mais avanço nas negociações, porque as águas
internacionais carecem de regulamentação entre os países.
|
A
negociação avançou e o texto adota um novo instrumento internacional sob a
Convenção da ONU sobre os Direitos do Mar (Unclos), para uso sustentável da
biodiversidade e conservação em alto mar.
|
Meios
de Implementação –
questão-chave para os países com menos recursos, significa na prática o
dinheiro para ações de desenvolvimento sustentável. Os países pobres
propuseram a criação de um fundo de US$ 30 bilhões/ano a ser financiado pelos
ricos.
|
Avançou
pouco. O fundo de US$ 30 bilhões não virou realidade. “A crise influenciou a
Rio+20”, admitiu o embaixador brasileiro André Corrêa do Lago.
|
ODS – Os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, metas a serem perseguidas pelos países para avançar ambiental,
política e socialmente, eram uma das grandes cartadas para a Rio+20.
|
Os
objetivos não foram definidos. Inicia-se apenas um processo para rascunhar
quais devem ser as metas até 2013. Elas então devem ser definidas para
entrarem em vigor em 2015, quando terminam os Objetivos do
POSTADO PO TATIANA 3°MEDIO
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário