A Consciência Negra e a Busca de uma Verdadeira Humanidade – por Esteve Bikoi
Este Biko
Historicamente, a “Teologia Negra” é um produto norte-americano, proveniente da situação dos negros nos Estados Unidos. No início dos anos 70, seu expoente mais representativo era o Dr. James H. Cone, professor de teologia no Seminário Teológico da União, em Nova York, e autor de Black Theology and Black Power (Teologia Negra e Poder Negro) – (Seabury, 1969) e de God of the oppressed (Deus dos oprimidos) – (Seabury, 1975; SPCK, 1977).
Em meados de 1970, o UCM nomeou Sabelo Stanley Ntwasa como secretário itinerante para o ano de 1971, com o encargo específico de incentivar a reflexão e a produção de textos sobre a Teologia Negra. O livro Black Theology: the South African voice (Teologia Negra: a voz da África do Sul), editado por Basil Moore (C. Hurst and Co., London, 1973), é o resultado dos esforços feitos naquele ano, e o trabalho que se segue, escrito por Steve, é talvez a contribuição mais eloqüente para o livro – na opinião de quem aqui escreve, o melhor escrito que ele produziu.
Em meados de 1970, o UCM nomeou Sabelo Stanley Ntwasa como secretário itinerante para o ano de 1971, com o encargo específico de incentivar a reflexão e a produção de textos sobre a Teologia Negra. O livro Black Theology: the South African voice (Teologia Negra: a voz da África do Sul), editado por Basil Moore (C. Hurst and Co., London, 1973), é o resultado dos esforços feitos naquele ano, e o trabalho que se segue, escrito por Steve, é talvez a contribuição mais eloqüente para o livro – na opinião de quem aqui escreve, o melhor escrito que ele produziu.
Escrevo o que eu quero.
A Consciência Negra e a busca de uma verdadeira humanidade
Talvez seja conveniente começar examinando por que é preciso pensarmos coletivamente sobre um problema que nunca criamos. Ao fazer isso, não quero me ocupar desnecessariamente com as pessoas brancas da África do Sul, mas para conseguir as respostas certas precisamos fazer as perguntas certas; temos de descobrir o que deu errado – onde e quando; e precisamos verificar se nossa situação é uma criação deliberada de Deus ou uma invenção artificial da verdade por indivíduos ávidos pelo poder, cuja motivação é a autoridade, a segurança, a riqueza e o conforto. Em outras palavras, a abordagem da Consciência Negra seria irrelevante numa sociedade igualitária, sem distinção de cor e sem exploração.
Ela é relevante aqui porque acreditamos que uma situação anômala é uma criação deliberada do homem.
Não há dúvida de que a questão da cor na política da África do Sul foi introduzida originalmente por razões econômicas. Os líderes da comunidade branca tinham de criar algum tipo de barreira entre os negros e os brancos, de modo que os brancos pudessem gozar de privilégios à custa dos negros e ainda se sentirem livres para dar uma justificativa moral para a evidente exploração, que incomodava até as mais empedernidas consciências dos brancos. No entanto, diz a tradição que, sempre que um grupo de pessoas experimenta os agradáveis frutos da riqueza, da segurança e do prestígio, começa a achar mais confortável acreditar numa mentira óbvia e aceitar como normal que só ele tenha direito ao privilégio. Para acreditar seriamente nisso, o grupo precisa se convencer da veracidade de todos os argumentos que sustentam essa mentira. Portanto, não é de estranhar que na África do Sul, depois de séculos de exploração, as pessoas brancas em geral tenham chegado a acreditar na inferioridade do negro, a tal ponto que, embora o problema racial tenha começado como conseqüência da ganância econômica demonstrada pelos brancos, agora transformou-se num problema sério em si mesmo. As pessoas brancas agora desprezam as pessoas negras, não porque precisam reforçar sua atitude e, assim, justificar sua posição privilegiada, mas porque de fato acreditam que o negro é inferior e mau. Esse é o fundamento sobre o qual os brancos atuam na África do Sul e é isso o que faz com que a sociedade sul-africana seja racista.
O racismo que encontramos não existe apenas numa base individual; ele também é institucionalizado, para que pareça ser o modo de vida sul-africano. Embora ultimamente tenha havido uma tentativa frágil de encobrir os elementos abertamente racistas no sistema, ainda é verdade que esse mesmo sistema é sustentado pela existência de atitudes antinegro na sociedade.
Não há dúvida de que a questão da cor na política da África do Sul foi introduzida originalmente por razões econômicas. Os líderes da comunidade branca tinham de criar algum tipo de barreira entre os negros e os brancos, de modo que os brancos pudessem gozar de privilégios à custa dos negros e ainda se sentirem livres para dar uma justificativa moral para a evidente exploração, que incomodava até as mais empedernidas consciências dos brancos. No entanto, diz a tradição que, sempre que um grupo de pessoas experimenta os agradáveis frutos da riqueza, da segurança e do prestígio, começa a achar mais confortável acreditar numa mentira óbvia e aceitar como normal que só ele tenha direito ao privilégio. Para acreditar seriamente nisso, o grupo precisa se convencer da veracidade de todos os argumentos que sustentam essa mentira. Portanto, não é de estranhar que na África do Sul, depois de séculos de exploração, as pessoas brancas em geral tenham chegado a acreditar na inferioridade do negro, a tal ponto que, embora o problema racial tenha começado como conseqüência da ganância econômica demonstrada pelos brancos, agora transformou-se num problema sério em si mesmo. As pessoas brancas agora desprezam as pessoas negras, não porque precisam reforçar sua atitude e, assim, justificar sua posição privilegiada, mas porque de fato acreditam que o negro é inferior e mau. Esse é o fundamento sobre o qual os brancos atuam na África do Sul e é isso o que faz com que a sociedade sul-africana seja racista.
O racismo que encontramos não existe apenas numa base individual; ele também é institucionalizado, para que pareça ser o modo de vida sul-africano. Embora ultimamente tenha havido uma tentativa frágil de encobrir os elementos abertamente racistas no sistema, ainda é verdade que esse mesmo sistema é sustentado pela existência de atitudes antinegro na sociedade.
Para dar uma vida ainda mais longa à mentira, é necessário que se negue aos negros qualquer oportunidade de provar acidentalmente que são iguais aos brancos. Por essa razão, há reserva de emprego, falta de treinamento em tarefas especializadas e um círculo restrito de possibilidades profissionais para negros. Absurdamente, o sistema retruca afirmando que os negros são inferiores porque entre eles não há economistas, não há engenheiros etc, embora os negros tenham sido impossibilitados de adquirir esses conhecimentos.
Para dar autenticidade à sua mentira e demonstrar a retidão de suas pretensões, os brancos vêm desenvolvendo esquemas detalhados para “resolver” a questão racial neste país. Desse modo, foi criado um pseudo-Parlamento para os “mestiços”, e vários “Estados bantus” estão em vias de ser estabelecidos. Estes são tão independentes e afortunados que não precisam gastar nem sequer um centavo em sua defesa, pois não têm nada a tremer da parte da África do Sul branca, que sempre virá socorrê-los em caso de necessidade. É impossível não ver a arrogância dos brancos e seu desprezo pelos negros, mesmo em seus esquemas de dominação modernos e bem planejados.
Para dar autenticidade à sua mentira e demonstrar a retidão de suas pretensões, os brancos vêm desenvolvendo esquemas detalhados para “resolver” a questão racial neste país. Desse modo, foi criado um pseudo-Parlamento para os “mestiços”, e vários “Estados bantus” estão em vias de ser estabelecidos. Estes são tão independentes e afortunados que não precisam gastar nem sequer um centavo em sua defesa, pois não têm nada a tremer da parte da África do Sul branca, que sempre virá socorrê-los em caso de necessidade. É impossível não ver a arrogância dos brancos e seu desprezo pelos negros, mesmo em seus esquemas de dominação modernos e bem planejados.
`Postado por Maicon Lopes da Silva
3ª etapa do Ensino Médio da Escola Eraldo Giacobbe.
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